A palavra é a ferramenta usada pelos escritores. Para criar sentidos, os escritores escolhem, ordenam e cortam palavras, na busca da mensagem ou da expressão mais significativa.
Não se conta histórias só com uma palavra, mas uma única palavra pode mudar toda uma história.
Por esses dias, trabalhei com uma história durante uma sessão de Voo Solo. A história tratava de um povo africano e estava apresentando suas práticas.
A caçada não era considerada apenas um ato selvagem; era praticada com intenso respeito ao universo; significava a celebração da sobrevivência!
O que esta frase diz: a caçada é um ato selvagem, mas também uma celebração da sobrevivência praticada com intenso respeito ao universo. Contudo, para o povo em questão na história, não havia nenhuma noção de “ato selvagem” envolvida na caçada.
Ou seja: o autor trouxe um posicionamento pessoal para dentro do texto, escolhendo palavras do seu ponto de vista como autor para representar o ponto de vista de outros personagens.
Ao utilizar a palavra apenas, o autor modificou um posicionamento dos seus personagens. Afinal, para eles, a caçada não era um ato selvagem.
Apenas uma palavra e tudo muda.
Esse é o nosso poder como escritores e, também, a nossa responsabilidade.