Duas experiências que todo escritor tem: o bloqueio criativo e o estado de fluxo.
Saber como evitar ou contornar o bloqueio criativo é importante porque nos ensina a trabalhar com os obstáculos que surgem no caminho da escrita. Mas não é o suficiente.
Se desejamos ser escritores profissionais, devemos pensar no nosso trabalho como se fôssemos padeiros. Padeiros não esperam a inspiração chegar para fazer o pão, tampouco deixam de fazer pão se não estão inspirados.
O que me fez perceber isso foi o livro 2k to 10k, sobre como a autora Rachel Aaron conseguiu sair de duas mil palavras diárias e chegar a dez mil palavras diárias em sessões de seis horas de trabalho. As dicas dela são centradas em três aspectos: conhecimento, tempo e entusiasmo.
Em primeiro lugar, é importante termos um planejamento sobre o que escreveremos. Ela sugere mais do que um plano geral esboçado, chegando ao nível de criar um esqueleto “não literário” para cada cena. Com cinco minutos ou mais de planejamento antes de começar a sessão de escrita, ela duplicou a quantidade de palavras escritas em cada sessão de trabalho.
O segundo aspecto é o tempo, ou seja, a análise de quanto, como e quando nós produzimos. Foi com Rachel que aprendi a técnica do diário da escrita. Ela registra quatro elementos: horário de início, horário de término, quantidade de palavras e local. Assim, é possível saber em quais horários funcionamos melhor e também avaliar que lugares nos oferecem as melhores condições de produção.
Eu sempre achei que fosse um escritor noturno – mas a verdade é que minha criatividade é maior à noite porque o cérebro está cansado demais para julgar, mas a força de vontade é muito menor do que pela manhã. Ou seja: para mim, vale a pena planejar à noite e escrever pela manhã.
Por fim, Rachel fala sobre o entusiasmo: se não temos tesão pelo que estamos escrevendo, o texto sairá truncado. Antes de escrever e planejar, ela imagina como será a cena. Caso fique empolgada, continua. Se não, ela repensa a estrutura da história para escrever algo que realmente a comova. Afinal, se uma ideia não mexe com o escritor, seria ingenuidade esperar que mexesse com o leitor.
No processo de analisar minha escrita, descobri que certos textos e ideias me entusiasmam por um período de tempo muito específico. Se demoro a produzir, o tesão desaparece. Imagino que isso seja verdade para qualquer ideia, embora algumas sejam mais poderosas e resistentes que outras.
Portanto, conhecer nossas paixões pode oferecer pistas sobre o que e quando fazer.