Dia 23 de novembro lancei um desafio para os leitores da newsletter do Ninho: em até 60 palavras, descrever o próprio quarto, recorrendo a metáforas e imagens.
A Regina Costa me enviou um parágrafo:
Três, quatro ou cinco estrelas – depende do espaço da fresta. Com olhos de luneta contemplo da minha cama o que se passa fora e dentro. À minha frente um altar onde me inspiro para meditar sentada numa poltrona noir com pés forma de cruz em base cromada giratória de cor branca como meus pensamentos – nuvem em órbita…
Neste parágrafo, a Regina trouxe uma boa metáfora: “olhos de luneta” me remetem diretamente aos olhinhos apertados que se estreitam para aprofundar o alcance da visão.
Durante o trecho, em especial na última frase, senti falta de vírgulas que me permitissem respirar. Desde “à minha frente” até “nuvem em órbita” não há nenhuma pausa.
Essa pode ser uma escolha de ritmo, mas ela me obriga a ler e reler em busca da ordem certa das coisas. Os pés em forma de cruz são os meus ou os da poltrona? Perguntas assim distraem da leitura.
Que tal quebrar a frase em partes menores?
À minha frente, um altar, no qual me inspiro para meditar. Sento numa poltrona noir, com pés forma de cruz em base cromada giratória, a cor branca como meus pensamentos – nuvem em órbita…
Com pequenas modificações, o jogo entre pensamento e poltrona se mantém e a leitura fica mais fácil.