Hoje no ônibus quase tirei uma foto: quatro pessoas diferentes entre si estavam igualadas, mãos à frente do rosto agarradas em seus gadgets. Celular, celular, celular, espelhinho de maquiagem.
O homem que viajava ao meu lado estava concentrado e constrangido utilizando um aplicativo de pegação gay. Sempre que eu olhava na direção dele, escondia o celular, como se estivesse engajado em algo proibido.
Observei essas duas cenas com menos de cinco minutos entre uma e outra. A vida não para de acontecer e a qualquer momento podemos escrever sobre o que percebemos, puxando de um detalhe do cotidiano os fragmentos necessários para entender o comportamento humano.
Não tem ideias de o que escrever? Escreva sobre a tua vida, sobre o que tu percebe, sobre o que ti vê acontecendo. Anota os detalhes do cotidiano, aquelas pérolas que dão sentido à vida e que fazem um momento isolado ser um vislumbre de milagre.
(Por sinal: ficar procurando uma palavra sem encontrá-la é incômodo demais! Por dias, fiquei com glimpse na memória e briguei comigo para encontrar a tradução. Hoje finalmente veio: vislumbre.)
[…] um homem constrangido com suas atividades sexuais (ontem) para nos levar aos pudores da humanidade como um […]