Blog : Ninho de Escritores

Corte o que não é importante

Ao contrário da maior parte dos recursos usados por seres humanos, o tempo é escasso. De certa maneira, é também o recurso mais democrático, pois todos temos vinte e quatro horas por dia (o que não significa que os usos possíveis desse recurso sejam os mesmos para todos, dados privilégios de raça, classe, gênero etc.).

Como escritor, o que produzo só se completa por meio da interação com o tempo dos leitores. Quando um leitor dedica segundos, minutos ou horas para ler o que escrevo, ele constrói uma relação comigo – a princípio, indireta, mas mesmo assim muito poderosa – por meio do que produzo.

Dar um pedaço de seu tempo a outra pessoa é um presente inigualável.

Pedir um pedaço do tempo de outra pessoa pode ser um ato de egoísmo quando o que produzimos diz respeito apenas a nós mesmos. Isso vale não só para a escrita, mas também para conversas, para jogos, para negócios ou qualquer outra coisa na vida.

Por isso que, quando escrevemos, devemos cortar o que não é essencial, o que não é importante, o que não vai encaminhar o leitor a uma experiência emocional poderosa. Se compartilhamos tudo o que criamos, passamos adiante a responsabilidade de selecionar o que vale a pena. Se selecionamos antes de compartilhar, estamos dando uma prova de amor e cuidado.

Leitores, como quaisquer pessoas, gostam de ser amados e cuidados.



2 respostas para “Corte o que não é importante”

  1. […] Isso não significa que pedir aos leitores para lerem tudo seja sequer respeitoso, porque não é. Alguém terá o trabalho de separar o que é bom daquilo que é mediano ou ruim. Se não for o escritor, será o leitor. É uma questão de decidir o tempo de quem é mais importante. […]

  2. […] é um conselho controverso, mas tem a ver com a noção de cortar o que não é essencial. Muito do que escrevemos não presta, não passa a ideia certa, não alcança o objetivo que […]

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