Histórias são sobre como coisas mudam. Se meu personagem começa a história com sede, essa sede deverá se transformar em uma sede maior ou ser saciada.
Um leitor sabe inconscientemente o que faz uma boa história, mas dificilmente reconhecerá a falta deste elemento. Apenas saberá que não gostou, talvez que achou a história meio parada. Se não tiver nenhuma transformação, a história não é meio parada, ela é uma descrição ou um ensaio.
Em uma boa história, as situações melhoram, pioram, melhoram, pioram. As transformações ajudam a criar ritmo e a ditar o tom da história. Se há muitas mudanças para pior, provavelmente teremos um drama (ou suspense, terror etc.). Se as mudanças em uma história flertam com o inesperado (e geralmente inofensivo), podemos ter uma comédia.
O plano de um personagem (e de qualquer pessoa, na verdade) é sempre alcançar seus objetivos da maneira mais direta possível, mas a realidade (e os escritores) interferem nesses planos, produzindo as transformações.
Histórias com personagens que têm objetivos bem definidos e enfrentam conflitos costumam apresentar também o elemento da transformação. Mas há uma transformação maior, que vai além das pequenas mudanças pontuais de cena, situação ou ideia. Ao terminar uma história, os personagens devem estar diferentes de como começaram, seja por virtude de um novo conhecimento, seja por haver mudado de perspectiva frente a uma questão ou a um sentimento, seja por estar em uma situação que é distinta da inicial.
Se, após viver a história que foi contada, inexistir qualquer transformação no personagem, o leitor se perguntará: se nada mudou, por que eu li isso? Porque, se depois de todas as peripécias, um personagem não aprender nada, será parecido demais com a realidade. 
[…] como o quarto elemento, a transformação, a experiência emocional poderosa é fruto de uma história com personagens bem construídos, […]