Quando meus amigos me contam suas histórias, a primeira coisa que penso é como eu agiria. Ou acho que agiria, já que a ideia que temos de nós é bem diferente de quem costumamos ser na prática – e isso já revela muito sobre como podemos trabalhar nossos personagens na literatura, mas esse é assunto para outro texto.
Penso como eu agiria porque eu sempre agiria diferente.
Nada mais natural, certo? Sou outra pessoa, ajo de outro jeito. É exatamente isso: cada história é vivida de maneira diferente por cada personagem.
Por isso, o personagem é o primeiro dos seis elementos que fazem uma boa história. É apropriado dizer que o personagem é o principal elemento de qualquer história, boa ou não. Com alarmante frequência, histórias travam porque nós, escritores, não conhecemos os personagens que colocamos em cena.
Se colocarmos dois personagens diferentes para reagirem à mesma situação, eles deverão tomar atitudes distintas.
Essa é uma prova de fogo para testar se nossos personagens estão bem construídos. Qualquer personagem que aja igual a outro merece voltar ao planejamento e ser redesenhado ou aprofundado.
A não ser, é claro, que esses personagens sejam intencionalmente rasos, quando serão nada mais do que estereótipos atravessando as histórias – podemos usá-los, sem dúvida.
Antes de começarmos qualquer história, é interessante sabermos quem a viverá. Podemos começar com ideias fantásticas sobre uma cena explosiva ou uma reviravolta tremenda, mas no final das contas o que fará a diferença é quem lidará com as explosões e reviravoltas.
[…] temos um personagem que quer tanto algo que ele se dispõe a agir, mas isso não é suficiente para uma boa […]