Gosto de pensar que o escritor possui duas mentes: uma criativa, criança, confiante e curiosa, e outra dura, difícil, demorada e dominadora.
Esse modelo não corresponde exatamente a como nosso cérebro de fato funciona, separado em dois “sistemas”, um apressado e voraz, outro lento e preguiçoso. Mas, para fins de processo criativo, acho mais do que útil considerar a separação entre mente criativa e mente crítica.
A mente criativa é aquele estado de criação excitada, sem medos, que ignora os perigos da existência porque quer fazer.
A mente crítica é aquela que se agarra aos julgamentos dos outros e só consegue avançar quando tem certezas.
A mente criativa abraça a incerteza porque a criação demanda espaço para o acaso.
A mente crítica guarda tudo o que já ouviu e nos alerta para o que veio de ruim. Ela é bem-intencionada, deseja acima de tudo evitar que nos machuquemos.
Escrever é se expor ao mundo. A mente criativa cuida do se expor, enquanto a mente crítica está preocupada com o mundo. Ambas são úteis, mas precisam trabalhar em harmonia: primeiro a criativa opera livre, depois a crítica vem e ajuda a revisar.