Sempre começo os cursos extensivos do Ninho de Escritores combinando que tentaremos escrever pelo menos 11 minutos por dia.
Por quê?
O número 11 é uma escolha arbitrária com duplo propósito: pequeno o bastante para ser fácil, grande o suficiente para importar. O que são 11 minutos por dia? Sozinhos, parecem nada, mas ao longo de um ano, são aproximadamente 67 horas de escrita.
Se escrevermos 12,5 palavras por minuto, a cada 11 minutos teremos um ou dois parágrafos de 137 palavras. Pouco? Não se considerarmos um ano inteiro, quando alcançaríamos 50 mil palavras, o tamanho médio de um romance de 120 a 150 páginas.
É claro, esse tempo não considera os períodos de revisão ou de planejamento, mas não é esse o objetivo: a proposta é compreender – por meio da prática de escrever todos os dias – que a escrita não é um monstro de dezoito cabeças, nove rabos e três pernas.
A cada semana, no Ninho de Escritores, vamos acompanhando o processo do grupo. É normal a galera não conseguir escrever todos os dias. Afinal, temos trabalhos, amigos, família etc.
Uma resposta a essa dificuldade é: está tudo bem.
Muita gente sugere que, para ser escritor, é imprescindível escrever todos os dias. Isso é bobagem. Escrever todos os dias é uma das formas de se relacionar com a arte da escrita, não a única.
Então por que pedir ao Ninho que escreva todos os dias?
Pela experiência.
O segredo do exercício dos 11 minutos é ao mesmo tempo a criação da disciplina para sentar e escrever e a compreensão de como funciona o nosso processo criativo. Com frequência, esses 11 minutos viram 20, depois 40, e quando vemos, já passamos duas horas criando.
Sem a experiência, porém, fica difícil saber.
[…] horário específico, um momento em que sabemos que estaremos em casa ou em algum lugar com tempo (quaisquer 11 minutinhos já servem; se não tiver 11, valem oito, cinco, […]