Blog : Ninho de Escritores

Leitura crítica #23

Dia 23 de novembro lancei um desafio para os leitores da newsletter do Ninho: em até 60 palavras, descrever o próprio quarto, recorrendo a metáforas e imagens.

Eis a participação do Felipe:

Joana entrou no quarto de Felipe com um único objetivo, encontrar o dicionário albanês. Mas deparou-se com a maior pilha de livros que já vira na vida. Vindo de um rapaz que não gostava de ler, era assustador. O quarto era pequeno e limpo, mas a pilha era enorme. Chocada, sentou-se na cadeira do computador e lamentou. “Puta que pariu!”.

Minha primeira pergunta é: quem são Joana e Felipe? Qual a relação entre eles?

Essa pergunta é essencial para compreendermos o parágrafo, já que temos algumas referências abstratas: “a maior pilha de livros que já vira na vida” e “um rapaz que não gostava de ler”.

Quantas pilhas de livros Joana já viu por aí?

Como não tenho resposta para essa pergunta, não consigo imaginar quantos livros são. Neste caso, uma parte significativa das informações se perde. Melhor seria uma imagem concreta: “os livros se entulhavam pelo chão, tanto que Joana mal conseguiu chegar até a cama de Felipe sem tropeçar em alguns tomos”. Ou algo assim.

Uma segunda questão me coçou durante o trecho: por quê? Por que Joana está em busca de um dicionário albanês, por que o dicionário está no quarto do Felipe e, principalmente, por que o parágrafo termina com um “puta que pariu”?

O texto não precisa responder a essas perguntas de imediato, já que elas podem impulsionar o leitor a continuar a leitura, mas em algum momento elas precisam ser sanadas.

Quando se trata de cuidar do leitor, melhor antes do que depois.

:)

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