A explicação para o nome deste livro já seria o suficiente para que eu o quisesse ler:
Há cerca de três décadas, meu irmão mais velho, na época com 10 anos, estava tentando escrever um trabalho sobre pássaros. Ele tivera três meses de prazo, mas deixara para a última hora e o trabalho precisava ser entregue no dia seguinte. Ele estava quase chorando sentado à mesa da cozinha, cercado por folhas, lápis e livros sobre pássaros, paralisado pela enormidade da tarefa à sua frente. Então meu pai se sentou ao lado dele, pôs o braço em volta de seu ombro e disse: “Um pássaro de cada vez, meu filho. Escreva sobre um pássaro de cada vez”.
No original, o livro Palavra por Palavra, de Anne Lamott, chama-se Bird by Bird, ou “pássaro por pássaro”.
Anne escreve algo que todo escritor precisa ler:
Escrever pode ser uma empreitada bastante trágica, porque se trata de uma das nossas necessidades mais profundas: a de ser visto e ouvido, de dar sentido à nossa vida, de despertar, crescer e pertencer. Não é de espantar que algumas vezes tenhamos a tendência de nos levar a sério demais.
Anne é o exemplo que me ajudou a criar o Ninho de Escritores:
Diga a si mesmo da maneira mais gentil possível: “Tudo o que farei agora é uma descrição de um rio ao nascer do sol, de uma criança pequena nadando na piscina do clube ou da primeira vez que um homem vê a mulher com quem vai se casar. É tudo o que farei por enquanto. Vou escrever sobre um pássaro de cada vez. Mas vou terminar esta única e pequena tarefa”.
Sem estar por perto, Anne me foi uma excelente professora. Um pássaro de cada vez é uma das lições mais importantes para qualquer vida.
Excelente indicação! Quero ler esse livro o quanto antes. Realmente, uma coisa que corta a criatividade é o excesso de pensamento futuro. Tive uma idéia, vou escrevê-la! E antes mesmo de começar eu já me pergunto: e depois? e depois do depois? O trem passa, o pássaro voa e eu perco o momento, a vontade de escrever algo sem futuro.
A partir desse texto e de algumas experiencias, posso dizer que escrever é um ato de presença, com olhadelas no futuro e no passado para pesquisa, mas com pés, mãos e lápis no agora.
Grato por essa contribuição à minha caminhada como escritor!