Blog : Ninho de Escritores

Cortar é abrir mão do ego

Stephen King sugere que devemos cortar 10% de tudo o que escrevemos. Há quem sugira que devemos cortar 50%. A razão disso é simples: nós nos alongamos com muita facilidade, temos muito a dizer, o mundo precisa saber dos nossos pensamentos e emoções.

Para quem produz conteúdo, o que inclui escritores, a internet mudou completamente o jogo. Eu não preciso de uma editora, pois posso abrir um blog, me autopublicar na Amazon ou ser acompanhado por leitores em sites como o Wattpad.

Ou seja: posso escrever o que eu quiser.

Isso não significa que pedir aos leitores para lerem tudo seja sequer respeitoso, porque não é. Alguém terá o trabalho de separar o que é bom daquilo que é mediano ou ruim. Se não for o escritor, será o leitor. É uma questão de decidir o tempo de quem é mais importante.

Eu acho o cálculo bem fácil: sou uma pessoa escrevendo para mais de uma. Digamos que eu gaste uma hora escrevendo um texto que leva três minutos para ser lido. Vinte pessoas já terão gastado, ao todo, uma hora para ler meu texto. Se eu tiver mais do que vinte leitores, o meu tempo será pequeno perto do tempo investido em leitura. E mesmo que eu tivesse apenas um leitor (e o tempo de leitura é sempre menor do que o tempo de escrita): entregar apenas o essencial é um ato de respeito.

Em última instância, entregar apenas o essencial é abrir mão do nosso ego, da nossa necessidade de reconhecimento, do apego que temos ao que produzimos. Os budistas têm isso bem claro em sua conduta. É a experiência que importa, não tanto de onde ela veio. Se formos bons em produzir experiências significativas, teremos leitores.

A pergunta importante aqui não é o quanto eu quero escrever, mas sim de quanto tempo precisamos para emocionar outra pessoa?



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